IMC e VMC - Medição da Obesidade

Índice de Massa Corporal

O índice de massa corporal (IMC), ou índice de Quetelet, é uma medida heurística do peso corporal, baseado no peso e na altura de uma pessoa. Embora não permita medir, na realidade, a percentagem de gordura corporal, é usada para estimar um peso corporal saudável baseado na altura de uma pessoa, assumindo uma composição corporal média. Pela facilidade de medição e cálculo associada a esta técnica, é a ferramenta de diagnóstico mais amplamente utilizada para identificar problemas de peso dentro de uma população indicando se os indivíduos se encontram com baixo peso, sobrepeso ou obesidade. Foi inventado entre 1830 e 1850 pelo belga Adolphe Quetelet polímata durante o curso do desenvolvimento de "física social". O índice de massa corporal é definido como o peso do corpo do indivíduo dividido pelo quadrado da altura do mesmo. O resultado obtido encontra-se em kg/m2. O IMC também pode ser determinado através de um gráfico de IMC, que apresenta o IMC como uma função do peso (eixo horizontal) e altura (eixo vertical), utilizando linhas de contorno para diferentes valores de IMC e cores para diferentes categorias de IMC.
Um gráfico de índice de massa corporal é mostrado, ao lado. As linhas tracejadas representam subdivisões dentro de uma classe maior. Por exemplo, o grupo de classificação "underweight" diferencia-se em diferentes categorias: "grave", "moderada" e "suave".





Uso
O IMC providencia uma medida numérica simples da "gordura" aproximada de um indivíduo, permitindo que profissionais de saúde possam discutir os problemas, para os casos acima ou abaixo do peso saudável de uma forma mais objectiva com os seus pacientes. Entretanto, o IMC tornou-se muito polémico porque muitas pessoas, incluindo médicos, passaram a confiar na sua aparente autoridade numérica para o diagnóstico médico.
No entanto, este nunca foi o intuito deste sistema de valorização, que apenas foi criado para ser utilizado como um simples meio de classificar estilos de vida sedentários (fisicamente inactivos).



Uso Clínico
O IMC tem sido utilizado pela OMS como padrão de registo de estatísticas de obesidade desde o início de 1980. Pode também ser usado como uma medida de peso, sendo utilizado em prol daqueles que sofrem de transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia nervosa.
O IMC pode ser calculado de forma rápida e sem equipamento caro. No entanto, as categorias de IMC não levam em conta vários factores tais como o volume corporal e a musculatura. As categorias também não contam para variadas proporções de osso, gordura, cartilagem, o peso da água, e muito mais, tornando-se menos eficaz na detecção de problemas associados à obesidade.
Apesar disso, as categorias de IMC são regularmente consideradas como uma ferramenta adequada para medir se os indivíduos sedentários têm peso inferior ao saudável, peso superior ou mesmo obesidade com diversas isenções, tais como: atletas, crianças, idosos e enfermos, em que as condições de vida dos mesmos impedem uma qualificação cem porcento fiável.
Um dos problemas básicos, principalmente em atletas, é que a massa muscular contribui para o IMC. Alguns atletas profissionais teriam excesso de peso ou seriam mesmo obesos, de acordo com o IMC, apesar de eles possuírem pouca gordura e sim muita massa muscular, a menos que a classificação que eles obtêm seja ajustada para cima numa versão modificada do cálculo, em virtude dessa incoerência. Em crianças e idosos, as diferenças na densidade óssea e, portanto, na proporção de osso quanto ao peso total pode significar que a classificação à qual essas pessoas são associadas deverá ser ajustada para baixo para corresponder aos níveis correctos.


IMC para diferentes faixas etárias e sexos

O IMC é utilizado de forma diferente para as crianças. É calculado da mesma forma que para os adultos, mas em comparação com os valores típicos para as outras crianças da mesma idade. Em vez de fixar limiares para baixo peso e sobrepeso, o percentil do IMC permite a comparação com as crianças do mesmo sexo e idade. Um IMC menor que o percentil 5 é considerado abaixo do peso saudável e acima do percentil 95 são consideradas obesas as pessoas com 20 anos ou mais. Menores de 20 anos com um IMC entre o percentil 85 e 95 são considerados obesos.

IMC para os percentis de indivíduos do sexo masculino entre os 2 e os 20 anos de idade.
IMC para os percentis de indivíduos do sexo feminino entre os 2 e os 20 anos de idade.


Objecto de estudo Estatístico
O IMC é usado geralmente como um meio de correlação entre os grupos relacionando-os através da sua massa corporal geral, podendo servir como um meio, ainda que vago, de estimar a adiposidade média. A dualidade do IMC é que, embora fáceis de usar como um cálculo geral, é limitado em termos precisos e pertinentes os dados obtidos pode ser. Geralmente, o índice é apropriado para o reconhecimento das tendências sedentárias dos indivíduos ou classificar eventuais pessoas com peso excessivo, porque nesses há uma menor margem de erros.
Essa correlação geral é especialmente útil para dados consensuais quanto a obesidade ou a várias outras condições, porque pode ser usado para construir uma representação mais ou menos precisa a partir da qual uma solução pode ser estruturada, assim como uma dieta alimentar adequada. Da mesma forma, torna-se cada vez mais pertinente para o crescimento das crianças, devido à maioria dos seus hábitos de exercício.
O crescimento das crianças é geralmente documentado num gráfico de crescimento do IMC. A tendência de uma criança para desenvolver obesidade pode ser calculada a partir da diferença entre o IMC da criança e o IMC indicado no gráfico que a criança deveria possuir.


Subscrição Médica
Nos Estados Unidos, onde a subscrição em planos e seguros privados de saúde é generalizada, a maioria dos provedores de seguros privados utilizam valores de IMC elevados como um ponto limite, a fim de aumentar as taxas de seguro a pagar ou até para negar uma subscrição a pacientes de alto risco e, assim, reduzir o custo da cobertura de seguros para todos os outros subscritores possuam um valor de IMC normal. O ponto a partir do qual as taxas são aumentadas é determinado de forma diferente, pois cada provedor de seguros de saúde possui intervalos muito diferentes dentro dos quais aceita clientes. Muitas companhias aplicam taxas suplementares, divididas em fases, em que o assinante paga uma multa adicional (geralmente uma percentagem do prémio mensal para cada intervalo arbitrário de pontos de IMC que o cliente possua acima de um certo limite considerado aceitável).
Passado este nível de IMC máximo, pode dar-se o caso de a companhia de seguros se negar a aceitá-lo, independentemente do prémio a pagar. Este princípio é o contrário daquele que está inerente à política de grupos de seguros (planos de saúde criados por empresas estatais ou não para os seus funcionários) que não requerem subscrição médica e no qual a admissibilidade para os mesmos está garantida em virtude de se ser um membro do grupo de trabalho da empresa, independentemente do IMC, ou de outros factores de risco que, provavelmente, iriam tornar o indivíduo inadmissível para um plano de saúde individual.
Podemos, deste modo, comprovar a importância que o IMC tem em coisas tão básicas como providenciar o seguro a um indivíduo. Como as pessoas que apresentam um IMC mais elevado são as que, normalmente, apresentam maior tendência para desenvolver doenças relacionadas com a obesidade, que se inserem no campo das morbilidades, as seguradoras evitam aceitar esses indivíduos, na medida em que eles lhes acarretam, normalmente, elevados custos financeiros.





Limitações e Falhas

Este gráfico mostra a correlação entre o índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura corporal (% BF) para 8550 homens em dados de 1994 do NCHS NHANES. Os dados referentes a indivíduos presentes no quadrante superior esquerdo e no inferior direito apresentam algumas limitações do IMC.


Um estudo publicado pelo JAMA (Journal of the American Medical Association), em 2005, mostrou que as pessoas que possuíam IMC correspondente ao nível de peso superior ao saudável, mas não obeso, tinha risco relativo de mortalidade associado à obesidade semelhantes ao das pessoas com IMC dentro de valores saudáveis, enquanto os obesos tinham uma taxa de mortalidade mais elevada.
Numa análise de 40 estudos envolvendo 250.000 pessoas, os pacientes com doença arterial coronária e que possuíam IMC dentro dos valores saudáveis tinham maior risco de falecer por complicações derivadas de doenças cardiovasculares do que as pessoas cujo IMC se encontrava entre os valores superiores aos saudáveis e a obesidade instalada. Neste intervalo onde estes indivíduos se encontravam, o estudo comprovou que o IMC não discrimina, efectivamente, entre a percentagem de gordura corporal e a de massa que não o é. O estudo permitiu concluir que a precisão do IMC no diagnóstico de obesidade é limitada, particularmente para os indivíduos nas faixas intermediárias do IMC, para pessoas do sexo masculino e para idosos. Estes resultados podem ajudar a explicar de uma forma mais fundamentada e compreensível a mais elevada taxa de sobrevivência de pacientes com peso superior ao saudável ou pré-obesidade com estas doenças.
A composição corporal dos atletas é, por vezes, calculada de uma forma mais correcta utilizando medidas de gordura corporal, como técnicas de mensuração de dobras cutâneas, pesagem subaquática e as limitações de medição manual também levaram a novos métodos alternativos para indicar um possível grau de obesidade, tal como o índice de volume corporal. No entanto, estudos recentes efectuados em alguns jogadores de futebol americano, que se submetem a musculação intensiva para aumentar a sua massa muscular mostram que, frequentemente, estes sofrem de muitos dos mesmos problemas dos indivíduos normalmente considerados obesos, nomeadamente o caso da apneia do sono.
Outra limitação desta medida empírica dá-se com a perda de altura através do envelhecimento. Nesta situação, o IMC sofre elevados aumentos sem um aumento correspondente do peso.


Padrões Variáveis
Não é evidente se, na escala de IMC, em que valores o limiar entre “excesso de peso” e "obesidade" deve ser definido. Devido a isso os padrões têm variado ao longo das últimas décadas. Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu que, em indivíduos adultos, um IMC de 25 a 29 deve ser considerado excesso de peso e um IMC acima de 30 é obesidade. Estas normas estabelecidas tornaram-se o guia definitivo para determinar se alguém possui peso superior ao recomendado.

Índice de Volume Corporal
O Índice de Volume Corporal (IVC) é um método de medir a obesidade humana que tem sido proposto como uma alternativa para o Índice de Massa Corporal (IMC).
Enquanto o IMC é baseado numa medição da massa corporal total de um indivíduo, independentemente da localização da sua localização, o IVC analisa a relação entre a massa e o volume de distribuição (ou seja, o local onde esta se encontra). Estudos recentes têm destacado as limitações do IMC como um indicador de risco para a saúde individual, o que contribuiu para uma maior divulgação e utilização desta forma de medição.

IVC como forma de medição corporal e de obesidade

O Índice de Volume Corporal (BVI) foi criado em 2000 como uma medida do corpo humano baseada em computador para a determinação da obesidade e apresentou-se como uma alternativa viável ao falível Índice de Massa Corporal (IMC). O IVC mede automaticamente o IMC, a circunferência da cintura e a relação cintura-quadril.
Esta medição é uma aplicação que pode ser usada num Scanner 3D de Corpo Completo para determinar o risco à saúde individual, quer o hardware de digitalização use informação óptica de luz visível ou não. O IVC pode diferenciar entre as pessoas que têm uma classificação idêntica, em termos de IMC, mas que têm uma forma de corpo diferente e uma distribuição de peso diferente.

8 mulheres, com a classificação mesmo IMC (IMC - 30), mas com distribuição de peso diferente e de volume abdominal, então eles têm avaliações diferentes BVI.


Enquanto o IMC de uma pessoa é medido manualmente por peso e altura total, o IVC é calculado usando dados 3D do corpo inteiro para determinar o volume corporal ou a distribuição de peso. Esta medida calcula onde o peso e a gordura estão localizados no corpo, em vez do peso total ou da gordura total do corpo. Houve uma aceitação nos últimos anos em como a gordura abdominal e o peso em torno do abdómen constituem um risco maior para a saúde. Esta é vulgarmente conhecida como obesidade central. Um scanner de superfície total do corpo determina o contorno tridimensional da superfície exterior de um indivíduo, de modo que a parte informática possa ser usada para contabilizar as partes volumétricas e a composição corporal dessa pessoa. O IVC faz uma inferência quanto à distribuição corporal da gordura e do peso, utilizando os dados de composição complexa e detalhada do corpo.
A maioria dos scanners 3D apropriados para a medição do IVC exigem que o objecto seja examinado por uma série de imagens em condições de iluminação diferentes (vários padrões projectados), para determinar a forma do corpo e os dados de distribuição de peso para o paciente individual e para fins de análise estatística.
O IVC encontra-se, actualmente, em avaliação por agências governamentais como as do Reino Unido, tendo sido apresentado como um possível substituto a longo prazo do IMC.
Recentemente, foi validado e comprovado, a nível internacional, que o scanner como procedimento de medição é um método de confiança, preciso e válido para medir a circunferência da cintura e do quadril, podendo substituir e desempenhar com a mesma, ou até melhor, qualidade esta mensuração.
Uma vez que este método de medição é relativamente recente, não há grande divulgação do mesmo em Portugal, sendo, por isso, inacessível, frequentemente para o caso de um indivíduo pretender guiar-se pelos dados de saúde que providencia.